«O antropocentrismo proclama o primado absoluto do homem sobre a natureza e o seu direito a dominá-la. Nega qualquer carácter moral à relação entre o homem e o resto dos seres naturais. Pelo contrário, o humanismo está fundado sobre a ideia de que o cuidado da natureza, que não exclui a sua utilização para a vida boa do ser humano, e admite que as relações do homem com os outros seres naturais podem ter carácter moral. Critica-se com frequência o humanismo atribuindo-se-lhe injustamente ideias que apenas o antropocentrismo defende. Por vezes, também é chamado de ética do cowboy ou ética da fronteira, pois procura basicamente a conquista, a colonização, a urbanização e a exploração de tudo o que permanece selvagem. O único valor que se atribui à natureza é de carácter económico, para a satisfação das necessidades humanas, e reconhece o direito absoluto do homem sobre a natureza, confiando que haverá solução tecnológica para qualquer problema ambiental.
De facto raramente se articulam e defendem estas ideias de modo explícito, menos ainda no âmbito académico, uma vez que não se coaduna com o que se considera ser politicamente correcto. Não há que duvidar que o politicamente correcto actua no mundo académico como uma forma de censura subtil e poderosa que inclusivamente se interioriza sob a forma de auto-censura. Sem dúvida, apesar da ausência de uma defesa teórica do antropocentrismo, existe uma cultura popular bastante difundida e assumida de modo bastante consciente. Esta atitude não é estranha nas pessoas cuja relação com a natureza tem sido dura, na maioria das vezes pertencentes às camadas mais pobres, que conheceram bem o seu lado amargo. Noutro sentido, o antropocentrismo actua frequentemente como um guia prático, por exemplo, na produção industrial ou agropecuária. As práticas antropocêntricas empregues por algumas empresas nem sempre são claramente brutais. Pelo contrário, às vezes são compatíveis com um certo verniz ecológico que as torna socialmente respeitáveis.»
Marcos, Alfredo (2001). Ética ambiental. Valladolid: Universidad de Valladolid, pp. 127-8 (Traduzido e adaptado por Vítor João Oliveira)
De facto raramente se articulam e defendem estas ideias de modo explícito, menos ainda no âmbito académico, uma vez que não se coaduna com o que se considera ser politicamente correcto. Não há que duvidar que o politicamente correcto actua no mundo académico como uma forma de censura subtil e poderosa que inclusivamente se interioriza sob a forma de auto-censura. Sem dúvida, apesar da ausência de uma defesa teórica do antropocentrismo, existe uma cultura popular bastante difundida e assumida de modo bastante consciente. Esta atitude não é estranha nas pessoas cuja relação com a natureza tem sido dura, na maioria das vezes pertencentes às camadas mais pobres, que conheceram bem o seu lado amargo. Noutro sentido, o antropocentrismo actua frequentemente como um guia prático, por exemplo, na produção industrial ou agropecuária. As práticas antropocêntricas empregues por algumas empresas nem sempre são claramente brutais. Pelo contrário, às vezes são compatíveis com um certo verniz ecológico que as torna socialmente respeitáveis.»
Marcos, Alfredo (2001). Ética ambiental. Valladolid: Universidad de Valladolid, pp. 127-8 (Traduzido e adaptado por Vítor João Oliveira)
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