quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Adolescência, adolescentes e o teatro

De teatro pouco sabíamos, embora alguns tivessem já participado em pequenas representações. Conhecíamos vagamente as marcas que Gil Vicente e Almeida Garrett haviam deixado no teatro português, mas desconhecíamos as marcas que uma experiência teatral deixaria em nós, cinco actores amadores e praticamente inexperientes.
A convite dos professores Lygia Pereira e Vítor João Oliveira embarcámos numa experiência fantástica que se iniciou no auditório da Escola Secundária de Oliveira de Bairro, onde um primeiro ensaio levantou possíveis receios e fraquezas. Com o tempo e ensaios que se seguiram, o texto dramático de Jon Fosse, “Lilás”, passou a fazer parte da vida de cinco alunos e de dois professores que percorreram juntos um caminho, descobrindo emoções, recordando memórias, partilhando experiências e fazendo muitas outras coisas que ditas aqui parecerão lugares-comuns vazios de sentimento.
Mas sentimentos não faltaram ao longo de vários ensaios que se tornaram mais intensos nas semanas que antecederam a apresentação ao público do “Lilás”, no passado dia 12 de Julho. Uma vez que esta retratava a adolescência e as suas problemáticas, não era difícil para nós, jovens actores, encontrar pontos comuns com algumas das personagens que, apesar da complexidade, se revelaram apaixonantes! Havia sempre algo a descobrir no que concerne às características das cinco personagens, mas também quanto às características de quem as representava… E assim se construíram relações de entreajuda e de amizade entre cinco jovens que mal se conheciam ou que se reencontraram após algum tempo de afastamento. Simultaneamente, os professores/encenadores assistiam a este processo, entrando também nele, revivendo a alegria e a vivacidade da juventude.
Quanto mais frequentes eram os ensaios no Centro Cultural Prof.Élio Martins, maior era a ansiedade de ver a sala onde então ensaiávamos repleta de pessoas a apreciarem a peça que apresentaríamos. Crescia também o nervosismo e a consciência de que aquela experiência se aproximava do fim.
No entanto, tais sentimentos não podiam dominar o nosso estado de espírito, que se queria concentrado na noite de 12 de Julho, quando apresentámos ao público a nossa peça (inserida no projecto de Educação Sexual da Escola Secundária de Oliveira do Bairro), que tanto gosto e trabalho nos deu. A grande hora aproximava-se, a sala enchia e a adrenalina aumentava. O que é facto é que nenhuma palavra é suficientemente adequada e forte para caracterizar os momentos em que pisámos o palco, onde nos deixámos levar pela essência das personagens que, julgamos nós, também cativaram o público que não se coibiu de reagir ao que via, através de risos, olhares suspensos e palpites quanto às acções da ousada, mas apaixonada Rapariga, centro do triângulo amoroso que incluía o violento Baterista e o Rapaz que reprimia as emoções, mas por quem ela nutria fortes sentimentos.
Na adolescência não há o “Felizes para sempre”, tal como não houve nesta peça que poderá ter deixado alguns espectadores a desejar ter visto mais, mas que deixou marcas naqueles que nela participaram e que adquiriram novos e importantes conhecimentos e vivências.
Por ora, fica o desejo de repetir a experiência…
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Ana Grifo - 11º C
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