«O que escapa tanto aos liberais como aos libertários é o facto da clonagem de um ser humano levantar questões fundamentais que estão para além da verdadeira natureza do que significa ser um ser humano. Desde tempos imemoriais que temos pensado o nascimento da nossa progenitura como uma bênção concedida por Deus ou por uma natureza beneficente. Celebramos a nossa descendência e empenhamo-nos em ser participantes de um acto de criação. A união de um espermatozóide com um óvulo representa um momento de audível rendição a forças que estão para além do nosso controlo. Damos parte de nós próprios a outrem e a fusão da nossa masculinidade e feminilidade resulta numa nova criação única e finita.
A razão pela qual a maioria das pessoas sente uma repulsa instintiva à clonagem é por, no fundo, sentir que esta marca o início de uma nova viagem em que “o dom da vida” será firmemente marginalizado e eventualmente abandonado em definitivo. No seu lugar, a nova progenitura torna-se na derradeira experiência de consumo – desenhada à partida, produzida por especificação e procurada no mercado biológico.
A clonagem é, em primeiro lugar e fundamentalmente, um acto de “produção”, não de criação. Recorrendo às novas tecnologias, um ser vivo é produzido com o mesmo grau de engenharia equivalente ao que é expectável numa linha de montagem. Quando falamos em padrões tecnológicos, o que imediatamente nos vem à cabeça são coisas como controlo de qualidade e previsão de lucros. A clonagem de seres humanos não é mais do que isso. Pela primeira vez na história da nossa espécie, podemos determinar antecipadamente a constituição genética da nossa descendência. A criança já não é uma criação única – insubstituível - mas o resultado de um acto de engenharia.
A clonagem humana escancara a porta a um comercial Maravilhoso Mundo Novo. É um facto que as companhias de investigação científica já deram o salto que as coloca para além do jogo político que está a ser jogado no Congresso e nos media quando patentearam embriões e células estaminais, conferindo-lhes propriedade e controlo sob novas formas de comércio reprodutivo. Muitas pessoas de esquerda preocupam-se com a clonagem humana, pesquisa de células estaminais, células estaminais embrionárias, e em breve o desenho de bebés será a base para novas formas de biocolonialismo em que as empresas de investigação da vida se tornarão nos derradeiros árbitros do próprio processo evolutivo.
Possuímos boas razões para nos preocuparmos. Enquanto os chefes de estado e os parlamentares se debatem com a escalda da batalha entre os defensores do direito à vida e os investigadores, algo bem mais ameaçador está a crescer gradualmente nos bastidores com consequências potenciais devastadoras para a sociedade. Cientistas americanos e britânicos e empresas de biotecnologia estão a usar tecnologia de embriões e células estaminais para desenvolver a estrutura de uma sociedade eugénica comercial com implicações de longo prazo profundas para a espécie humana.
A “eugenia” foi um termo cunhado pelo filósofo inglês, Sir Francis Galton, no século XIX. Significa usar a produção para eliminar traços genéticos indesejáveis e acrescentar traços genéticos desejáveis para melhorar as características de um organismo ou da espécie. Quando pensamos na eugenia, pensamos no plano malévolo de Adolf Hitler para criar uma raça “superior”. Hoje, contudo, um novo movimento eugénico está a ser meticulosamente preparado pelas administrações das empresas e longe do escrutínio público: uma eugenia comercial, bastante diferente do tipo de histeria eugénica social que engoliu o mundo na primeira metade do século XX.
A nossa história começa com uma pequena empresa de biotecnologia, a Roslin Bio-Med. A empresa foi criada em Abril de 1988 pelo Instituto Roslin, e era subsidiada pelo governo. Situava-se nas proximidades de Edinburgo, na Escócia, e foi aí que a ovelha Dolly foi clonada. Foi concedida uma licença exclusiva para o Instituto Roslin usar tecnologia de clonagem na investigação bio-médica. Um ano depois, o Roslin Bio-Med foi vendido à Geron, uma empresa americana situada em Menlo Park, na Califórnia. Depois, em Janeiro de 2000, o Gabinete Inglês de Patentes atribuiu ao Dr Ian Wilmut a propriedade sobre a sua tecnologia de clonagem. A patente agora propriedade da Geron – cobre o processo de clonagem e todos os animais produzidos pelo processo de clonagem. O que o público não sabe – porque praticamente não tem recebido atenção - é que o Gabinete Inglês de Patentes garantiu a Wilmut e à sua empresa, a patente sobre todos os embriões clonados até à fase de blastócito – que é a fase em que surgem as células estaminais polipotentes. O Governo Inglês tornou-se, por isso, no primeiro governo do mundo a reconhecer o embrião humano como uma forma de propriedade intelectual. O Reino Unido também foi o primeiro país a regulamentar o uso de embriões, e até de embriões clonados, na cultura de células estaminais.»
A razão pela qual a maioria das pessoas sente uma repulsa instintiva à clonagem é por, no fundo, sentir que esta marca o início de uma nova viagem em que “o dom da vida” será firmemente marginalizado e eventualmente abandonado em definitivo. No seu lugar, a nova progenitura torna-se na derradeira experiência de consumo – desenhada à partida, produzida por especificação e procurada no mercado biológico.
A clonagem é, em primeiro lugar e fundamentalmente, um acto de “produção”, não de criação. Recorrendo às novas tecnologias, um ser vivo é produzido com o mesmo grau de engenharia equivalente ao que é expectável numa linha de montagem. Quando falamos em padrões tecnológicos, o que imediatamente nos vem à cabeça são coisas como controlo de qualidade e previsão de lucros. A clonagem de seres humanos não é mais do que isso. Pela primeira vez na história da nossa espécie, podemos determinar antecipadamente a constituição genética da nossa descendência. A criança já não é uma criação única – insubstituível - mas o resultado de um acto de engenharia.
A clonagem humana escancara a porta a um comercial Maravilhoso Mundo Novo. É um facto que as companhias de investigação científica já deram o salto que as coloca para além do jogo político que está a ser jogado no Congresso e nos media quando patentearam embriões e células estaminais, conferindo-lhes propriedade e controlo sob novas formas de comércio reprodutivo. Muitas pessoas de esquerda preocupam-se com a clonagem humana, pesquisa de células estaminais, células estaminais embrionárias, e em breve o desenho de bebés será a base para novas formas de biocolonialismo em que as empresas de investigação da vida se tornarão nos derradeiros árbitros do próprio processo evolutivo.
Possuímos boas razões para nos preocuparmos. Enquanto os chefes de estado e os parlamentares se debatem com a escalda da batalha entre os defensores do direito à vida e os investigadores, algo bem mais ameaçador está a crescer gradualmente nos bastidores com consequências potenciais devastadoras para a sociedade. Cientistas americanos e britânicos e empresas de biotecnologia estão a usar tecnologia de embriões e células estaminais para desenvolver a estrutura de uma sociedade eugénica comercial com implicações de longo prazo profundas para a espécie humana.
A “eugenia” foi um termo cunhado pelo filósofo inglês, Sir Francis Galton, no século XIX. Significa usar a produção para eliminar traços genéticos indesejáveis e acrescentar traços genéticos desejáveis para melhorar as características de um organismo ou da espécie. Quando pensamos na eugenia, pensamos no plano malévolo de Adolf Hitler para criar uma raça “superior”. Hoje, contudo, um novo movimento eugénico está a ser meticulosamente preparado pelas administrações das empresas e longe do escrutínio público: uma eugenia comercial, bastante diferente do tipo de histeria eugénica social que engoliu o mundo na primeira metade do século XX.
A nossa história começa com uma pequena empresa de biotecnologia, a Roslin Bio-Med. A empresa foi criada em Abril de 1988 pelo Instituto Roslin, e era subsidiada pelo governo. Situava-se nas proximidades de Edinburgo, na Escócia, e foi aí que a ovelha Dolly foi clonada. Foi concedida uma licença exclusiva para o Instituto Roslin usar tecnologia de clonagem na investigação bio-médica. Um ano depois, o Roslin Bio-Med foi vendido à Geron, uma empresa americana situada em Menlo Park, na Califórnia. Depois, em Janeiro de 2000, o Gabinete Inglês de Patentes atribuiu ao Dr Ian Wilmut a propriedade sobre a sua tecnologia de clonagem. A patente agora propriedade da Geron – cobre o processo de clonagem e todos os animais produzidos pelo processo de clonagem. O que o público não sabe – porque praticamente não tem recebido atenção - é que o Gabinete Inglês de Patentes garantiu a Wilmut e à sua empresa, a patente sobre todos os embriões clonados até à fase de blastócito – que é a fase em que surgem as células estaminais polipotentes. O Governo Inglês tornou-se, por isso, no primeiro governo do mundo a reconhecer o embrião humano como uma forma de propriedade intelectual. O Reino Unido também foi o primeiro país a regulamentar o uso de embriões, e até de embriões clonados, na cultura de células estaminais.»
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